Aos 31 anos e candidata de primeira viagem, Danielle já visitou igrejas em São João de Meriti e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Pavuna, na Zona Norte do Rio, e Cosmos, na Zona Oeste. A maioria delas é da Assembleia de Deus, vertente evangélica para a qual o pai já havia migrado na última eleição. Maior e mais influente, a Assembleia de Deus reúne cerca de 13 milhões de seguidores, segundo o IBGE, o que a faz a maior igreja evangélica do país. A Sara Nossa Terra, a qual o ex-presidente da Câmara era vinculado antes, tem pouco mais de 1 milhão de fiéis.
Nas andanças, frequentemente documentadas por suas redes sociais, a neoemedebista recebe bênçãos em templos muitas vezes lotados. O “bom dia” escrito todos os dias no Facebook vem sempre acompanhado do complemento “na paz do senhor” e de uma imagem com algum versículo bíblico. A religiosidade e a frequência das postagens no Facebook de agora contrastam com a Danielle que era apenas uma jovem publicitária e não candidata. Antes, a filha de Cunha até curtia uma ou outra página de cantores evangélicos na rede social, mas não comentava, curtia ou compartilhava publicações com conteúdo religioso. Suas preferências eram viagens, o trabalho como empreendedora e os amigos – em uma das postagens, de 2013, fez uma homenagem a um deles, que a “levou para a 1ª night” e a “ensinou a beber”. Também comentava postagens do pai e de outros políticos.
Na versão política, Danielle herdou a pauta do pai, como o combate à legalização do aborto. Em seu perfil no Facebook, escreve que é “nascida e batizada em berço evangélico” e que “teve em casa a criação com os mesmos valores pregados na igreja e se orgulha em defender a instituição da família”. E o slogan de campanha tenta resumir esses ideais: “Coragem para defender a vida, a família e o Rio”. A frase aparece em santinhos e bandeiras com a mesma identidade visual usada no material do pai. O número também é o mesmo de Cunha.
Danielle expõe o pai em sua campanha. Em suas aparições no horário eleitoral na TV e no rádio, exibe o voto do ex-presidente da Câmara na votação do impeachment de Dilma Rousseff. No Facebook, no qual tem menos de 1.800 seguidores, diz que defenderá a herança de Cunha: “Como candidata, quer honrar o legado do seu pai, sobretudo na defesa das bandeiras da vida e do Rio de Janeiro”. Em outra postagem, escreveu: “Pai, abracei com garra e com o coração a responsabilidade e a missão de carregar seu legado político". Suas publicações são replicadas também no Instagram, onde tem menos de mil seguidores.
Para alavancar sua visibilidade nas redes sociais, tem impulsionado algumas postagens. A principal delas foi um vídeo gravado pelo Pastor Manoel Ferreira, Bispo Primaz Mundial das Assembleias de Deus, a quem ela diz considerar um segundo pai.
- Gostaria de pedir a você que ajude a Danielle Cunha. Esta menina é filha de uma pessoa que foi um grande amigo e grande homem público dessa nação. Tenho certeza que Danielle vai fazer um grande trabalho na Câmara. Estenda sua mão amiga e fale com as pessoas que ajude a Danielle - afirma Ferreira, pedindo em seguida o voto para a filha de Cunha.

- Nessa eleição, precisamos unir os evangélicos em prol de representantes cristãos. Mas, não basta mandarmos para Brasília evangélicos. É preciso que esses evangélicos tenham coragem de carregar as nossas bandeiras, que são extremamente pesadas, como, por exemplo, barrarmos o aborto, a legalização das drogas e para que a liberdade religiosa continue no nosso país. Por isso, vote na Danielle Cunha.
COMITÊ NA ABI
Além da peregrinação religiosa na campanha, a filha de Cunha já fez campanha ao lado da ex-prefeita de Saquarema Franciane Motta, mulher do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) Paulo Melo (MDB), preso na Lava-Jato acusado de receber propina de empresários de ônibus. O atual presidente da Casa, André Ceciliano, embora petista, já esteve em agenda ao lado de Danielle em Nova Iguaçu.
A filha de Cunha montou o comitê eleitoral em três salas no sexto andar do prédio da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), localizado no centro do Rio. Vizinho a consultórios médicos, o escritório não tem placas na porta e se revela QG de campanha apenas na recepção. O cartaz da candidata ocupa a parede inteira à direita de quem entra.
A secretária diz que Danielle costuma chegar à tarde ao comitê, onde
atende cabos eleitorais, aliados políticos e cuida da agenda. Em
conversas ao telefone, na sala de espera, boa parte dos visitantes trata
de assuntos relacionados ao apoio de pastores evangélicos à
candidatura.Além da peregrinação religiosa na campanha, a filha de Cunha já fez campanha ao lado da ex-prefeita de Saquarema Franciane Motta, mulher do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) Paulo Melo (MDB), preso na Lava-Jato acusado de receber propina de empresários de ônibus. O atual presidente da Casa, André Ceciliano, embora petista, já esteve em agenda ao lado de Danielle em Nova Iguaçu.
A filha de Cunha montou o comitê eleitoral em três salas no sexto andar do prédio da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), localizado no centro do Rio. Vizinho a consultórios médicos, o escritório não tem placas na porta e se revela QG de campanha apenas na recepção. O cartaz da candidata ocupa a parede inteira à direita de quem entra.
CANDIDATA QUE MAIS RECEBEU DO DIRETÓRIO
Em termos financeiros, a campanha vai bem, bancada pelo diretório do PMDB no Rio, que destinou R$ 2 milhões do Fundo Especial de Financiamento, recursos públicos do Tesouro. Recebeu também R$ 7 mil de pessoa física. O limite de gastos é de R$ 2,5 milhões.
Até agora, a filha de Eduardo Cunha foi a maior beneficiada pelo partido. O valor que ela recebeu corresponde a 26% das doações do diretório, muito à frente do segundo colocado, o deputado estadual André Lazaroni, candidato a uma vaga na Câmara, contemplado com R$ 700 mil (9,1% do total). A herdeira de Cunha parece mais forte que Franciane Motta, que ganhou ajuda de R$ 500 mil.
Segundo s prestação parcial de contas, Danielle gastou até agora apenas R$ 58,1 mil, a maior parte (R$ 42 mil) com a gráfica Pirâmide Digital, que fica em Niterói e atendeu o pai, Eduardo Cunha, na eleição de 2014. A candidata encomendou algumas bandeiras e principalmente os adesivos, na qual aparece na foto com candidatos a deputado estadual.
Uma fonte que prefere não ter o nome publicado afirma que, por "ela ser neófita no meio eleitoral e ainda com pai o preso, a campanha está bem confusa" na área de publicidade.
Danielle e sua coordenação de campanha não retornaram aos contatos da reportagem.


