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Ato contra retirada da placa de Marielle reúne milhares de pessoas na Cinelândia


 Com gritos de “Ele, não” e “Ditadura nunca mais”, milhares de pessoas lotaram a Cinelândia para uma manifestação pacífica no começo da tarde deste domingo. Trata-se do movimento " Distribuição de mil placas para Marielle ", que nasceu na internet, após a retirada e quebra da sinalização simbólica com o nome da vereadora assassinada no dia 14 de março, pelos deputados recém-eleitos Daniel Silveira , federal, e Rodrigo Amorim , o estadual mais votado do Rio, ambos do PSL .
A entrega das placas foi realizada em frente à Câmara dos Vereadores, com uma fila em zigue-zague, para otimizar o espaço, que chegava até o cinema Odeon. A entrega do material, em que cada pessoa tinha direito a apenas um exemplar, se encerrou em cerca de dez minutos junto com o ato. E conforme recomendação da página do movimento no Facebook, quem conseguiu retirar a placa foi embora com ela escondida dentro de um envelope, que foi distribuído, para evitar represálias.


A campanha, lançada pelo site de humor "Sensacionalista", criou uma conta em um site de financiamento coletivo para arrecadar R$ 2 mil para confeccionar 100 placas homenageando a vereadora. A meta foi atingida em 20 minutos, e o valor total, com doação de mais de 1.500 pessoas, estava em mais de R$ 39 mil na manhã deste domingo. Foram confeccionadas 1,7 mil placas, e o valor excedente será doado, segundo os organizadores, para projetos e causas apoiados por Marielle Franco.

Ao fim da entrega das placas, Mônica Benício, mulher de Marielle, passou um recado, da escadaria da Câmara, repetido frase por frase pelos que estava mais próximos a ela para que todos pudessem ouvir, já que não havia caixas de som nem microfone. Na mensagem, ela dizia “Vamos embora em segurança, porque a violência só gera mais violência, e essa não mé a sociedade que queremos. E vamos mostrar nas urnas, que o amor sempre vence. Guardem as placas no envelope, vamos embora juntos e juntas, direto para um lugar seguro. As placas não devem ser coladas em cima de outras placas nas ruas. Guardem como memória, como resistência. Vocês são os legados de Marielle”.
Em seguida, a viúva foi encaminhada por Anielle Franco, irmã de Marielle, e pelo deputado federal eleito Marcelo Freixo e pelo vereador David Miranda, ambos do PSOL, para recolocar uma placa com o nome da vereadora no local de onde foi retirado, na esquina da Câmara dos Vereadores. Com a mão esquerda fechada e apontada para o alto, ela gritou “Não seremos interrompidas”, depois descolou a placa, que acabara de afixar, e foi embora segurando-a e companhada de um segurança.
Após receberem as placas, as pessoas eram encaminhadas para um mosaico humano, que formava o nome de Marielle, e só podia ser visto por uma imagem aérea. Entre a multidão, vários artistas compareceram ao ato, os cantores Leoni e Késia Estácio, e os atores Juliana Alves, Leandra Leal, Emiliano D’Ávila, Alexandre Lino, Sophie Charlotte e Daniel de Oliveira.

— Vim para prestar homenagem à Marielle, que foi uma grande lutadora dos direitos humanos, assassinada brutalmente numa queima de arquivo. E isso acabou virando um movimento de esquerda generalizado, de pessoas que não só lutam pelos direitos humanos, mas contra o fascismo. Juntamos vários interesses num ato, e eu vim fazer coro a toda essa multidão, que luta por uma virada no segundo turno das eleições — disse Emilano.
Com a filha nos ombros, e a placa de Marielle nas mãos, a atriz Leandra Leal só deu uma trégua às palavras de ordem que gritava na escadaria da Câmara com outros manifestantes para dar almoço para a menina num restaurante ao lado.
— A gente tá vivendo um pesadelo. É preciso resistir, se mobilizar. Isso aqui não é por disputa de partido, mas por um projeto de país, pela democracia. A nação tem que ser maior do que qualquer ódio. Esse é um momento decisivo, que devemos ganhar com amor.
A homenagem à vereadora assassinada, para Sophie Charlotte, é uma forma simbólica de se manifestar contra o ódio, a intolerância e a fasta de respeito.
— Estamos aqui em favor da vida, para manter o legado da Marielle. Não vão nos calar. Nossa busca é por um estado de direito e laico.
Daniel de Oliveira, marido de Sophie, corroborou com o discurso da mulher:

— Isso aqui é fundamental. Temos que lembrar da Marielle sempre, desse assassinato que, até agora, não foi solucionado. Estamos aqui falando de democracia, e isso é muito importante para o povo nesse momento crucial que o país vive. É por isso que vim aqui com a minha família — contou ele, com a filho no colo. 

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