Está marcado para nesta terça-feira, às 18h, na entrada do Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, um ato de manifestação em favor da libertação de William Preciliano Bezerra da Silva. O jovem de 20 anos foi preso quando tentava dar entrada em sua habilitação no Detran, há dois meses.
William foi acusado por um policial de ser um dos 40 homens que mantiveram sete PMs reféns no Morro dos Prazeres durante uma hora, sob tortura psicológica e ameaças, em 20 de novembro de 2017. O policial só o denunciou em abril, cinco meses após o fato, não se sabe o motivo.
Em seu depoimento à Polícia Civil, disse ter reconhecido o rapaz pelos cabelos, dando origem ao mandado de prisão. Além disso, William foi indiciado no inquérito policial e denunciado pelo Ministério Público, figurando como réu na ação penal em curso e com prisão preventiva decretada pelo Poder Judiciário, após o recebimento da denúncia, segundo declarou em nota a Polícia Civil.
— Nossa família está muito mal. É uma dor insuportável. Eu estive com ele quinta-feira passada e ele chorou muito. Disse: "Mãe, se eu tivesse feito alguma coisa para estar, aqui eu estaria mais tranquilo, mas eu não fiz nada! Mãe, eu não aguento mais isso aqui!". Saber que seu filho é inocente e está preso é algo que não desejo para nenhuma mãe — disse bastante emocionada Maria Gorete, de 59 anos, mãe do rapaz.
A dona de casa disse também que levou uma bíblia para ele na prisão e pediu que ele rezasse.
— Ele está bem abatido, emagreceu um pouco, chorou muito. O coração dele batia, aquelas pancadas, sabe? Muito triste ver meu filho sofrendo sem ter culpa nenhuma. Outros detentos disseram para ele: "A gente não entende o que você está fazendo aqui. Você não tem gíria, você não tem maldade, você não tem nada"— contou.
Em fotografias tiradas durante as gravações do filme "Pacified", produzido pelo diretor norte-americano Paxton Winters e pela empresa Reagent Media, William apareceu armado com fuzil em uma das cenas, o que, segundo moradores, serviu para que a Justiça decretasse sua prisão junto com outros 12 acusados do ataque à UPP do Morro dos Prazeres, contudo, o jovem não possuía nenhuma passagem pela polícia.

Vinicius Saldanha é um dos advogados que está fazendo a defesa do rapaz e comenta sobre os próximos passos na Justiça:
— Em virtude de argumentos utilizados pela juíza, a Justiça negou o pedido de habeas corpus. Entraremos ainda esta semana com outro pedido de habeas corpus em Brasília, bem como com um recurso quanto à petição do desembargador, já que a indignação da família e dos amigos permanece.William foi preso no contexto de tentar tirar sua habilitação. É inocente. Nenhum traficante tentaria esse tipo de coisa sabendo que poderia ser preso eventualmente — afirma Saldanha.
Mais de 500 assinaturas de moradores já foram recolhidas num abaixo-assinado que pede a liberdade do jovem.