O porta-voz do Vaticano, Alessandro Gisotti, explicou nesta quinta-feira, 28, os bastidores do polêmico vídeo em que o papa Francisco evita que fiéis beijem seu anel
papal. Segundo ele, o pontífice fez isso meramente por uma questão de
higiene: para evitar a disseminação de germes e vírus entre os devotos.
Francisco já havia cumprimentado dezenas de pessoas que esperavam em
uma longa fila quando começou a desviar a mão em que usa o “Anel do
Pescador”, tentando protegê-las de doenças que poderiam ser transmitidas
depois de tantas interações, relatou Gisotti.
“Sua Santidade me contou que a motivação foi bem simples: higiene.
Ele quer evitar o risco de contaminação para as pessoas e não para ele.”
O vídeo da atitude pouco ortodoxa, criticada por alas mais
conservadoras da Igreja Católica, foi gravado durante visita do
pontífice ao Santuário de Loreto, na Itália, na segunda-feira 25. Rapidamente viralizou nas redes sociais de todo o mundo.
O “Anel do Pescador” (referência a São Pedro, que era pescador e primeiro papa da Igreja) é um dos símbolos da investidura do poder do pontífice. Beijá-lo é uma tradição milenar que representa respeito e obediência à autoridade máxima do catolicismo.
Gisotti afirmou que Francisco fica “mais que contente” em receber os
beijos de grupos pequenos, já que a propagação de germes é mais contida.
Ele mencionou que, na última quarta-feira 27, o papa recebeu algumas
pessoas ao final de sua audiência semanal na Praça de São Pedro e não
lhes negou a mão quando elas se ajoelharam para beijar o anel do
pescador.
“Vocês todos sabem que ele gosta muito de receber e acolher as
pessoas e ser acolhido por elas”, defendeu o porta-voz. O papa Francisco
é conhecido por sua recepção calorosa aos fiéis.
O papa argentino realmente é conhecido por gostar de contato direto
com os fiéis. Francisco aperta centenas de mãos a cada semana, deixa-se
abraçar, tira selfies e até aceita beber mate oferecido por estranhos.
Ainda segundo o jornal católico La Croix, o anel
de Francisco não seria o “anel dos pescadores”, mas sim o anel que ele
recebeu durante sua ordenação episcopal, em 1992, em Buenos Aires. Este
detalhe não foi comentado no pronunciamento do Vaticano.
(Com AFP)