A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern,
anunciou nesta segunda-feira 18 que divulgará um plano de reformas para
a lei de acesso às armas vigente no país. A medida é decorrência do
ataque a mesquitas que deixou ao menos 50 mortos na cidade de
Christchurch, na última sexta-feira.
Além de restringir o acesso da população a armamentos, Ardern também
pretende revisar as operações das agências de segurança neozelandesas.
No domingo, a premiê declarou que o principal suspeito pelo ataque – o
australiano Brenton Tarrant, de 28 anos – estava em posse de cinco
armas, incluindo duas semiautomáticas e duas espingardas. As armas foram
compradas depois que ele obteve a licença correspondente, em novembro
de 2017. Segundo Ardern, algumas das armas foram modificadas para se
tornarem ainda mais mortais.
“Enquanto seguem os trabalhos para esclarecer a sequência de fatos
que levaram tanto à licença quanto à posse das armas, posso assegurar
uma coisa: nossas leis de armas irão mudar”, afirmou, sem dar detalhes.
Ardern disse que haverá uma “resposta rápida” de seu governo e que uma proibição de armas semiautomáticas será avaliada.
Tarrant compareceu ao tribunal de Christchurch,
onde foi acusado de assassinato. Ele é suspeito de matar 41 pessoas na
mesquita de Al Noor, no centro de Christchurch, antes de dirigir cerca
de cinco quilômetros até a mesquita de Linwood, onde matou mais sete
pessoas. As duas outras vítimas do massacre morreram no hospital.
Descrito por autoridades como um extremista de direita, Tarrant não
tinha antecedentes criminais. A polícia investiga como foi possível que
ele permanecesse longe da mira dos serviço de inteligência, apesar de
suas visões extremistas.
Antes do ataque, ele publicou na internet um manifesto repleto de
teorias populares de conspiração da extrema direita sobre como europeus
brancos supostamente estariam sendo substituídos por imigrantes não
brancos. O Brasil é mencionado na seção em que o terrorista faz críticas
à diversidade racial.
Com uma câmera presa ao capacete que usava, Tarrant transmitiu ao
vivo pelo Facebook o massacre na mesquita Al Noor, durante 17 minutos.
O australiano vivia em Dunedin, na Ilha Sul da Nova Zelândia, da qual
Christchurch é a maior cidade. Ele era membro do clube de tiro Bruce
Rofle Club, de acordo com a mídia neozelandesa. Segundo membros do
clube, ele praticava com frequência tiros com um AR-15, fuzil
semiautomático leve.
O AR-15 é uma versão semiautomática do fuzil militar americano M16. A
idade mínima para a posse de armas na Nova Zelândia é 16 anos, ou 18 no
caso de armas semiautomáticas de estilo militar.
Após o massacre desta sexta-feira, o presidente da Associação
Policial da Nova Zelânia, Chris Cahill, apoiou leis sobre armamentos
mais rígidos, afirmando que as armas usadas nas mesquitas foram
proibidas na vizinha Austrália após o massacre de Port Arthur, em 1996,
no qual 35 pessoas morreram. O AR-15 foi usado no atentado, assim como
numa série de outros ataques a tiros nos Estados Unidos.
Já houve tentativas na Nova Zelândia de endurecer as leis sobre armas
de fogo, mas um forte lobby e uma forte cultura de caça impediram os
esforços. Estima-se que haja 1,5 milhão de armas de fogo no país, cuja
população é de apenas 5 de pessoas. Apesar disso, os índices de
violência ligados a armas de fogo são baixos.*Com informações da
Deutsche Welle (agência pública da Alemanha).
Premiê da Nova Zelândia diz que anunciará novas leis para armas em 10 dias
0
março 18, 2019