Deputado Rodrigo Maia sugere cortar salário dos três Poderes para bancar prorrogação de auxílio de R$ 600
0Alaelton Santosjunho 09, 2020
BRASÍLIA
- Apesar de o governo dar como certa a prorrogação do auxílio
emergencial por um valor menor dos que os atuais R$ 600, o presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
afirmou nesta terça-feira, 9, que uma redução no benefício precisa
passar pelo Congresso. Ele sugeriu um corte linear nos salários de
membros dos três Poderes para bancar o benefício no valor de R$ 600 por
mais tempo.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ)
Foto: André Dusek/Estadão
"O governo tem
autorização para renovar a renda emergencial pelo mesmo valor, a lei
não permite reduzir o valor. Se o governo for reduzir o valor, precisa
encaminhar ao Congresso Nacional uma proposta que será votada com
urgência certamente pela Câmara e pelo Senado", declarou. Bolsonaro reafirmou, nesta terça-feira, que a equipe econômica prevê o pagamento de duas novas parcelas do auxílio emergencial, de R$ 300 mensais,
e que está disposto a aumentar esse valor se os parlamentares aceitarem
diminuir os próprios salários como medida de compensação. "A ideia da
equipe econômica são mais duas parcelas, talvez de R$ 300. Sei que tem
parlamentar que quer mais duas de R$ 600. Se tivermos um programa para
diminuir salários de parlamentares, tudo bem, eu pago até R$ 1 mil por
mês, não tem problema nenhum", disse Bolsonaro ao sair do Palácio da
Alvorada, ao final da manhã, após reunião ministerial. Em relação
às declarações, o presidente da Casa disse que deputados e senadores
estão abertos para dialogar sobre reduções de salários para bancar as
novas parcelas do auxílio no valor de R$ 600.
Trabalhadores informais, autônomos, desempregados e MEIs já podem solicitar o benefício “Se
todos os Poderes topassem cortar um valor que seja por seis meses, 10%,
ou um percentual maior por menos tempo, para garantir os R$ 600, eu
tenho certeza que o parlamento vai participar e vai defender. Não tem
nenhum problema", afirmou. Maia, contudo, ressaltou que o salário
dos parlamentares não seria suficiente para cobrir as despesas. “O
salário dos parlamentares em relação aos custos tem uma diferença um
pouco grande. Vai ficar distante para cobrir, mas se todos os três
Poderes estiverem de acordo para cortar salários por alguns meses, para
garantir os R$ 600, o Parlamento está disposto a sentar na mesa e
conversar”, argumentou. Sobre o debate relacionado à renda
mínima, Maia afirmou que é uma discussão fundamental, mas que a mudança
não é feita "da noite para o dia". "Renda mínima é um debate
fundamental. Temos muitos programas que têm pouca efetividade, que
atendem mal com foco distorcido em relação a base da sociedade", disse. Ele
defendeu um debate ampliado do tema no Congresso no período
pós-pandemia. "Não é da noite para o dia que você vai criar um programa
permanente. Acredito que esse debate vai continua depois da pandemia e
vai ser feito um debate no Parlamento, que é onde se constrói soluções
para esse tipo de tema. Precisa de legislação", disse.